ALQUIMIA
Hoje você veste azul, e eu vou ao seu encontro de vermelho,
pronta prá morrer (e renascer!) em seus braços,
mas também absolutamente dona de mim,
responsável pelo que sou e pelo que não sou.
Minha água é limpa e meu lago é profundo,
a vegetação é densa e há vida por toda parte...
No meio do caminho, vou encontrando pedras,
e sei, com a sabedoria das vidas que já vivi,
e de outras que me contam as coisas
(que os ventos sopram em meus ouvidos),
que o meu pote de ouro vai se formando
a partir das pedras que acolho em meu cesto de cipó –
sabia que tenho vocação para alquimista?
Para saber isso basta enxergar
(e isso eu já nasci sabendo)
a árvore dentro da semente, a luz dentro do escuro.
Mas prá fazer isso já é outra história...
Tem a calcinatio, a solutio, a sublimatio, a coagulatio...
um monte de vezes a gente morre e renasce,
até se estar muito purificado.
Depois de muitos banhos: de água, de fogo,
Depois de ficar leve como o vento, planar horizontes,
tocar o chão com a palma da mão,
rolar nas folhas e se banhar na lama,
curvar-se sobre si mesmo e beijar o próprio coração, a gente se casa...
E estamos aqui, brincando de tirar os 7 véus
(e os que nós ainda colocamos sobre esses)
para enfim descobrir que viver é um pouco brincar
de esconde-esconde, se perder e se achar,
até cansar e descobrir que se somos luz, podemos mesmo atravessar portais, e alcançar o que parece muito, muito longe...
(Patrícia Pinna Bernardo, 1995)
Nenhum comentário:
Postar um comentário