Tem dias que só a poesia pode salvar-nos, na humana lida de cada dia, do tédio e do cansaço que acomete, de tempos em tempos, quem vê tantos horizontes e, mesmo assim, ou justamente por isso, se vê na premência de parir trilhas para que se faça visível alguma estrada... Trabalho quase sempre tão solitário, orquestrado por reverberações da alma, que de tanta vida investida nessa lida, silenciosamente implora por mãos que a toquem com sensibilidade e delicadeza, e por pares que ecoem músicas que a embalem...
Nesses dias, em que o sol se engendra no ventre da noite para fecundar seus sonhos, a poesia aquece e ilumina a promessa do que se anuncia...
"...empurre as mãos lentamente
através da pele do rio
até tocar o coração da beleza
(ruína do tempo impenetrável)
depois as retire lentamente
como se puxasse do infinito
a respiração
da criança nascendo"
através da pele do rio
até tocar o coração da beleza
(ruína do tempo impenetrável)
depois as retire lentamente
como se puxasse do infinito
a respiração
da criança nascendo"
(Afonso Henriques Neto)
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